sexta-feira, 12 de março de 2010

Síndrome do Pânico

A origem etimológica de PÂNICO vem de PÃ, nome grego, criatura que de tão horrorosa, fez que sua própria mãe sumisse apavorada torturada pelo medo atroz, abandonando assim o próprio filho recém nascido, vítima então do próprio destino, afastado das benesses divinas, mergulhado numa condenação sem fim a uma amarga condição de desafeto e desencanto, o que com certeza provocou a sua fúria, a título de vingança, contra as malhas da triste sina existencial.

Este Deus grego feioso e horrível de dar dó, tornou-se conhecido como guardador de ovelhas e guia de caçadores até suas presas. A Mitologia nos acrescenta que Pã é reconhecido como Deus da fertilidade, e que seu passa tempo favorito, era assustar as pessoas, com seus gritos aterrorizantes, e com sua fisionomia, nada recomendável. Quem caminhasse sozinho pêlos bosques e florestas, o fazia, com um temor, deverasmente sobressaltado. Pudera! Imagine você. Embrenhado numa mata fria, em dia escuro de chuva e Ter subitamente, que vivenciar uma experiência neste nível.
De origem indomada, frenética, confusa e despropositada, Pã, simbolicamente, representa nossa mais intrínseca obscuridade, dos porões de nosso inconsciente profundo, o nosso lado SOMBRA, o submundo da perdição de nossa alma individual, e SOMBRA, da ALMA COLETIVA, da “ alma mundi”, utilizando o palavreado do jargão da psicologia Jungiana; que em seus preceitos, fornece-nos, o entendimento, de estar a totalidade, a todo instante, interferindo na nossa alma individual. Sob este prisma, somos como que vasos comunicantes, intercambiando-nos com o INCONSCIENTE COLETIVO. A inter-relação, do pequeno EU (Ego), com o grande EU (Self), deveria, enquanto vínculo, ser de subordinação e obediência, do primeiro em relação ao segundo. Haja vista que o Ego pode tornar - se um ótimo servente, mas com pouca chance, certamente, para tornar-se competente arquiteto ou mestre de obras.
Dá pra entender que a predominância maior de Pã naturalmente é de natureza instintiva bruta, não se sujeitando ao crivo da razão e da censura, dando-nos a idéia dos domínios de Dioniso, o Deus das transloucuras. Representa Pã o gestor e comandante de nossos impulsos abissais, obsidiando e condicionando, as almas, nas quais, o dito cujo, vivencia sua experiência, como se fosse um parasita, acoplada autonomamente com toda sorte de complexidades.
Descrevendo o quadro psicossomático da doença, podemos dizer que abrupta e repentinamente, uma ansiedade inexplicável é acompanhada de sensação de sufoco e angústia. O corpo se desestabiliza, a boca fica seca. Tontura, sudorese, falta de ar e taquicardia, toma conta de todo o organismo. A sensação é a de estar diante de um perigo eminente, sem motivo aparente e infundado. O terror está instalado, como um grande susto, que provoca uma reação repentina e de emergência.
Imagine-se, a título de exemplo, que na empreitada, de desvencilhar-se de um grande cachorro doberman preto, daqueles que babam de fúria, te surpreender, quando, inadvertidamente, fores, buscar a bola, que caíra no quintal do vizinho. Nesta situação de apuro, seu organismo entra em natural quadro de Stress, ou seja, naquela condição que você, Tem apenas duas alternativas: fugir ou atacar. Agora, imagine quando estes sintomas estão acontecendo dentro de um Shopping Center, ou quando a pessoa é tomada, por este exaltado e caótico estado de ânimo, dentro de um ônibus, com pessoas absortas e sonolentas e a mesma, não tem com quem desabafar o seu esbafurimento. Não é fácil não, como também não é fácil para o organismo psíquico e somático, o estabelecimento do natural equilíbrio. Vira tudo uma “esculhambose” generalizada. A aludida praga acomete do emocional ao físico e vice versa, como é de se esperar.
Não se deve, pôr motivos evidentes, subestimarmos as conseqüências decorrentes desta Síndrome. Qualquer caso, que se aproxime deste quadro, requer observação e cuidados pertinentes.
A crise, geralmente, inicia-se de leve, acentuando-se abruptamente, terminando devagarinho, levando a pessoa ao final, no presenciamento de um grande consolo e bem estar, fazendo pôr último, a exaltação de seu ânimo, como contrapartida, compensando o deságio psíquico então vivenciado. Acontece que o “flah” de terror abrupto, faz com que o indivíduo, no dia a dia turbulento, tenha medo de ter medo, daí vem o cerceamento do seu” modus existencialis”, bloqueando o fluxo do natural existir. A condição de enfrentamento natural fica obstataculada e reduzida à estaca zero, quando então constatamos que a desgraça não vem sozinha, com outros comprometimentos desajustados no campo somático, psíquico social até o espiritual, necessitando, portanto de ajuda profissional competente.
É oportuno falar, naquilo que especialistas nominam de ansiedade antecipatória, ou melhor, descrevendo, é aquele quadro em que a pessoa com a percepção de a qualquer eventualidade e em qualquer lugar e/ou circunstância ser vítima de outra crise, desenvolverá pôr decorrência um mecanismo ou estado estressante, que com certeza antecipará um novo surto, colocando este indivíduo num quadro recorrente e de círculo vicioso, pôr assim dizer.
As causas da SÍNDRONE DO PÃNICO, segundo estudos, têm como fator causal, aspectos orgânicos, psicológicos ou socio-culturais e os estragos de igual sorte detonam a possibilidade de homeostase, também nestas mesmas esferas. A origem do pânico é buscada em diversos enfoques. Há uma tendência a atribui-la a desequilíbrio bioquímico, ocasionando uma seria desordem nos neurotransmissores os quais, levam informações ao batalhão de neurônios, que são as células nervosas que formam o sistema nervoso humano, com desordem nas substâncias que então, são primordialmente importantes e significaticas, na ordem e bom funcionamento deste complexo laboratório, que em condições normais funciona harmoniosamente. Indústria esta, que a depender da substância fabricada, pôr seu turno, determinam nossa programação psico-afetiva.
Ocorre, que a literatura sobre o assunto, disserta e sustenta, pautada em dados fidedignos e confiáveis, que nem todos casos de acometimento , estejam condicionados, à presença de desordem bioquímica, fazendo que outra tendência abrace a gênese da doença como sendo de natureza psicodinâmica. São apontados ainda aspectos atinentes à hereditariedade, uso de drogas, mudanças de fases da vida. Condições sociais adversas, dentre outros.
Na visão de alguns, menos ortodoxos, e que procedem a um rebuscamento em maior profundidade, sugerem que a crise tem um lado positivo, suscitando a pessoa, a entrar em um contato mais verdadeiro, com sua personalidade total, através da TRAVESSIA NOTURNA DA ALMA, que seria o “caminho estreito”, que oportunizaria condições, para fazer a pessoa, merecer o seu lado numinoso e divino, o seu” EU VERDADEIRO”. A crise neste contexto, de qualquer forma, deve ser tomada como um alerta, que não pode ser negligenciada, sob pena, de agravamento, cicatrizes e seqüelas. Qualquer sintoma deve ser estimulo discriminativo para providenciarmos o devido socorro.

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